A Preocupação é um flagelo (Crônica) - José do Patrocínio Nogueira



Tela @juscelinonunes


“Portanto, vos digo: não andeis cuidando de vossa vida, que comereis, nem de vosso corpo que vestireis.” Jesus


A Preocupação determina grande parte dos desequilíbrios que afligem a humanidade.
Afeta não só o físico do individuo, mas, principalmente, o espírito, usando ou facilitando deformações ou taras morais.
É, pode-se dizer, seu verdadeiro flagelo. No corpo ela age como “quinta coluna” sabotando e enfraquecendo as defesas orgânicas, facilitando, deste modo, a penetração e a ação dos micróbios patogênicos. Determina ainda o mau funcionamento das glândulas, cujos produtos servem para a lubrificação do organismo.
No espírito, sua ação é, ainda, mais devastadora. Além de enfraquecer as defesas espirituais, serve de veículo aos desequilíbrios morais e as influências maléficas.
Se tivermos preocupados, esquecemos os deveres para conosco, para com o próximo e para com Deus.
Em conseqüência contraímos débitos e deixamos nossa fortaleza espiritual sem defesa, um campo aberto á penetração de toda sorte de influências.
O homem preocupado diminui ou mesmo anula sua capacidade de trabalho.
Uma das características da matéria é a impenetrabilidade. Isto é, dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço.
Pois bem, esse mesmo princípio se aplica ao pensamento.
Não podemos pensar em duas coisas ao mesmo tempo.
Logo, se estivermos com o pensamento ocupado em alguma preocupação, fatalmente é anulado nosso raciocínio e perdemos nossa capacidade material ou espiritual. Eis que a preocupação se apresenta como nossa inimiga sob todos os pontos de vista.
Desde o mais humilde trabalhador braçal ao mais alto capitalista ou sábio, todos no decorrer da vida, deparam, constantemente, com sérios motivos de preocupação. É uma lei fatal, pois todos nós vivemos aqui para reparar nossos erros passados, enfrentando naturalmente atropelos como prova da nossa capacidade de progresso.
Mas Deus, Esta bondade infinita, pós em nós a liberdade de, com nosso próprio esforço, ameniza ou suportar com resignação duras provações.
Deu-nos o “Livre arbítrio” para orientarmos a nossa estrada e o raciocínio para procuramos os meios de resolver nossos problemas. Assim, no caso das preocupações, podemos, por exemplo, “cooperar com o inevitável”. Sim, se alguma coisa desagradável está preste a nos atingir, façamos o impossível para evitar. Mas se não conseguimos, então, cooperemos com o inevitável.
Peçamos a Deus força e resignação e deixemos de lado o que não podemos dar jeito.
O importante é não sentimos o peso da preocupação, para o nosso próprio bem imediato e para o bom andamento do nosso progresso e das nossas realizações futuras.
Adotemos, portanto, este lema: “Para todos os males sob o sol, há sempre um remédio ou nenhum. Se é que há, procure encontrá-lo; se não há, não se importe”.
Outro motivo que nos enche de preocupação é o futuro.
Mas se isso acontece conosco é porque teimamos em não seguir os sábios ensinamentos de Cristo, quando assim falou aos seus discípulos: “Portanto, vós digo: não andeis cuidando de vossa vida, que comereis, nem do vosso corpo que vestireis. Não é mais a alma que a comida, e o corpo mais do que o vestido? Olhai para as aves do céu, que não semeia, nem segam, nem fazem provisões nos celeiros; e contudo vosso Pai Celestial as sustenta. Por ventura não sois vós muito mais que elas?... Buscai, pois o reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vós serão acrescentadas”.
Estes ensinamentos são de Cristo e nós, em pleno século XX não conseguimos aprender.
Vivemos com o pensamento ocupado no dia de amanhã e nos esquecemos de viver o dia de hoje. É como se tivéssemos preocupados com a arrumação da casa do vizinho, deixando a nossa em completo abandono. A nossa casa é que temos de arrumar. O dia de hoje é o nosso dia. Nele é que temos de viver. O amanhã talvez não seja nosso.
Portanto, não nos apoquentamos com o futuro. Vivemos cada dia apenas até a hora de irmos para cama.
Esqueçamos o passado doloroso. Não tenhamos anseios do futuro. Sejamos resignados como o nosso o presente. Aconteça o que acontecer, evitemos as preocupação elevemos os nossos pensamentos a Deus e oremos com fé ardente:
“Deus, concede-nos a serenidade. Para aceitar as coisas que não posso mudar. A coragem para mudar as coisas que posso. E sabedoria para saber a diferença”.
Texto publicado na Folha do Norte – jornal de Belém – Pará – No dia 11 de fevereiro de 1950.



Comentários:

Esse foi um precioso presente que recebi recentemente de um tio querido, já falecido. José do Patrocínio Nogueira, foi militar de carreira, chegando a se aposentar como Brigadeiro, era poeta, escritor e cronista. Publicou "Águia sem ninho" Pantanal Tupiniquim, fez letras de músicas, hinos e publicou muitas crônicas, em jornais de cidades onde serviu o exército. Mas para minha tristeza e de muitos familiares, parou de publicar o que escrevia, coisa que enquanto ele vivia eu vivia pedindo para ele se dedicar a escrever e voltar a publicar, mas ele não queria.
Faleceu em 24 de novembro de 2001. Depois da sua morte eu sempre lamentava não ter os seus escritos para que eu agora pudesse publicar. As vezes em pensamento e orações dizia para ele: "Tio Zeca, porque não deixou seus escritos para mim de herança, já que me ensinou o gosto pela escrita".
Pois bem! Outro dia sonhei com ele me dizendo que ia me mandar um presente, pouco tempo depois fui a Fortaleza para casa de sua filha Adriana, a qual por está com a casa em reforma, foi arrumar um quarto hospede de pouco uso para mim e encontrou uma pasta cheia de escritos do pai e resolveu me presentear. Quando cheguei a Fortaleza nessa viajem encontrei como um presente, a pasta sobre a cama arrumada para mim. Um presente precioso vindo do José do Patrocínio Nogueira, meu Tio Zeca.
E depois tem quem não acredite em vida pós a morte!
E pode crer, a comunicação existe. E o mais importante e que a pasta estava receada de poemas, crônicas, versos e subsídios que me faltava para concluir uma saga familiar que estou escrevendo. Realmente foi um presente dos céus. E essa crônica ai acima foi uma mensagem especial para mim que andava ultimamente me flagelando com tantas preocupações bobas.
Imagina, essa crônica foi escrita muito antes de eu nascer. Mas parece que ele escreveu para mim. Assim, minhas preocupações foram todas para o Lixo, jogue também as suas! E em especial recebam essa bela e sábia crônica como um presente precioso para vocês, visitantes do meu site.
Carinhosamente;


Haydée Ferreira

Comentários

  1. Oi Haydée! Que lindo!
    Realmente a preocupação é um flagelo…Que Deus me dê a sabedoria para bem administrar as situações adversas.

    Unidas!

    Nonata.

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  2. Eu não acredito em coincidências: as coisas acontecem no momento em que devem acontecer. Portanto essa mensagem não lhe veio à toa, certamente. Interessante que o tempo passa, tudo parece mudar, mas as preocupações do homem permanecem as mesmas, em qualquer geração, como podemos observar pelo tema deste texto, que consegue ser tão atual mesmo sendo mais antigo do que nossas próprias existências!

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  3. Sábio texto, Haydeé! Que Deus alivie nossas preocupações e aumente a nossa fé!!!💕

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