Bem Aventurados os Aflitos (Crônica de José do Patrocínio Nogueira)
Tela Nossa Senhora dos Aflitos: @jabuh_
Indiscutivelmente vivemos no planeta das provações e do aprendizado. Podemos dizer que a terra é a Universidade da vida. Só depois de atravessarmos, com êxito as diversas sabatinas do instrutivo curso, é que adquirimos a noção exata da verdadeira existência.
Precisamente no meio da maldade, do egoísmo, da vaidade e do orgulho desse mundo é que aprendemos a amar, ser tolerante, humildes e simples. Como a flor que nasce no lodo, haveremos de renascer da relativa imperfeição humana para a beleza infinita do absoluto. A terra é a nossa austera escola. A perfeita justiça Divina sempre nos concede salvadoras oportunidades matriculando-nos no grande colégio terreno para que, nas aulas das aflições, possamos distinguir o Bem do Mal que condena. Bem aventurados, pois, os aflitos, porque lhes é dada a oportunidade de serem consolados.
Contudo, as aflições não bastam para limpar a alma pecadora. A dor o infortúnio, as injustiças dão-nos somente possibilidades para o regaste dos nossos débitos. Se, porém não possuímos o valor e a coragem necessários, no aproveitamento desses meios de salvação. O que conseguimos é o doloroso aumento das nossas dívidas.
É preciso que aprendamos, a saber sofrer. Somente a resignação diante dos sofrimentos é que nos assegura o direito de consolo.
As aflições são atraídas por nós mesmos, pelo nosso passado próximo ou remoto.
Ferindo a harmonia universal pela leviandade, pelo egoísmo e pela indiferença, esquecemo-nos, depois, de resgatar nossa compreensão, praticando as virtudes que Deus nos oferece como oportunidade salvadora. Nada mais justo, portanto, do que as aflições, para nos despertar do indiferentismo e revelar a senda errada, relembrando ao nosso espírito o dever da verdade, do Bem e do Amor.
O homem possui em si mesmo um grande valor, porém muitas vezes, para obter a intíma revelação dele, necessita ter passado pela dor e o infortúnio, porque dessa prova energias até então adormecidas nas profundezas do seu ser, as quais darão têmperas á sua alma.
Diante de qualquer aflição tenhamos a serenidade de compreender a justiça da prova. Nós a merecemos. Dela podemos tirar ensinamentos compensadores. Nela podemos encontrar o grande mérito para o consolo eterno. Tenhamos confiança em Deus, que é a justiça perfeita. E digamos de todo coração: “Preciso ter mais fé. Nada houve comigo. O que passou já não importa. Para o que vier, fecharei os olhos e, com Fé em Deus, atravessarei as densas trevas do sofrimento. Procurarei transformar todas as minhas forças em energia da alma. Preciso orar fervorosamente. Mas orar com todo o meu ser, pensamento, alma e coração voltados inteiramente para Deus. Que as palavras aflorem nos meus lábios, impregnadas da própria vida. Que eu saiba conversar com Ser Superior. Tirar o pensamento do mundo e me entregar completamente a beleza do Céu. Pedir ao Criador coragem, resignação e humildade. Pedir, sobretudo Fé inebriante. Fé inabalável. Fé que sufoque as inclinações impuras. Fé que supere as imperfeições. Fé que imprima confiança e faça do meu coração a fonte inesgotável de energias que hão de bendizer a minha dor".
Crônica publicada no Jornal Folha do Norte de Belém do Pará em 23 de março de 1950
Fotos:
Foto de José do Patrocínio Nogueira de 1950, ano que escreveu e publicou essa crônica em Belém do Pará. Na época era major do exército.
Foto de José do Patrocínio Nogueira, meu querido Tio Zeca, aposentado como Brigadeiro e morando em Fortaleza-Ce. Foto de 2001 ano que faleceu.
Comentários:
Essa crônica faz parte do acervo o que herdei desse tio querido, um presente precioso, como bem descrevi numa postagem anterior. Veja, aqui no blog, postagem do dia 07 de dezembro de 2009, nela mais cometários sobre José do Patrocínio Nogueira
Comentário importante:
O exemplo de fortaleza e fé, é sempre uma força para nossa alma! Assim vale ressaltar, que no período que José do Patrocínio Nogueira, publicou essa crônica, ele havia passado por uma grande aflição.
Servindo o exército brasileiro em Belém do Pará, como major, casado e apaixonado pela sua bela esposa e com uma filhinha de apenas dois anos e pouco, a esposa desapareceu. Então, de repente ele se viu abanonado, com uma criança bem pequena para criar e sem ninguém da família por perto que pudesse lhe ajudar ou consolar. Dai, tudo que ele escreveu são conclusões da alma, profundas e verdadeiras. Ao meu ver, em cada palavra por ele escrita, se percebe a força e o poder do Espírito Santo.
Fico feliz de hoje, poder publicar essa Crônica e assim poder levar através do meu blog, tanta sabedoria, a tantos, que por esse mundo afora, passam por grandes aflições e que precisam ser consolados!
Espero que essa espiritualizada crônica ajude vocês, como me ajudou, transforme vocês, como me transformou e sobretudo que faça vocês repensarem, sobre o valor dessa bem aventurança que diz: Bem aventurados os aflitos porque serão consolados.
Bem aventurados, todos nós!!!
Com um abraço fraterno;
Haydée Ferreira
Bela crônica! Enquanto a lia, não sei porquê, ficava me recordando a todo momento da prece da serenidade... talvez porque seu tio tenha feito sua própria prece da serenidade através desta crônica! Agora já sei de onde você herdou a paixão pelas palavras, rs! Beijos e obrigada por compartilhar com o mundo um pouquinho de sua herança!
ResponderExcluir" Bendizer a minha dor". Forte não é?
ResponderExcluirIsso é fé. Isso é acreditar,se doar ,ter Deus no coração.
Essas palavras me fizeram pensar em uma provação que passei a pouco tempo...E digo:
Só a fé em Deus e a confiança me fez galgar um caminho de luta e amor.
DEUS É TUDO NA VIDA.
Linda crônica . Parabéns Haydee, por ter compartilhado com a gente esse tesouro.
Beijo!
Haydée,
ResponderExcluirNão conhecia esta cronica. Ela é forte e tocante e desta maneira conheci mais um pouco do meu pai. Obrigado por tirá-la do baú.
JPNJr