Noilde Ramalho, uma Educadora- Mãe ( crônica)









Existe pessoas que o tempo não passam por elas e nem elas passam pelo tempo. Elas, cada uma de forma unica, movidas pela força do amor com que são fiéis aos seus sonhos, fazem sua parte do melhor modo e se dedicam com força e determinação aquilo que acreditam e com isso se tornam eternas.

Essa pessoas tanto podem se santificar, fundando um grande movimento religioso, como Chiara Lubich, ou se dedicar as grandes pesquisas cientificas como o grande Albert Einstein, ou ainda colocarem a sua vida ao serviço dos menos favorecidos como nossa Irmã Dulce ou simplesmente serem como foi a dedicada educadora Noilde Ramalho. E por ai vai!

Dai, não importa a que se dedicaram, importa sim a força do amor com que realizaram seus sonhos

Pessoas assim, fazem da sua jornada um caminho de luz e vão pela vida deixando um belissimo rastro que arrasta muito seguidores! E Noilde Ramalho é uma destas pessoas!

Eu, tive o privilégio de conviver com essa fantástica educadora. Por três anos estudei interna na sua Escola Doméstica de Natal. É, sua Escola Doméstica de Natal, porque a escola tornou-se Noilde Ramalho e Noilde Ramalho tornou se Escola Doméstica.

Mas, vamos lá!

Eu, filha unica de uma família de classe média, estudando numa escola de meninos e meninas ricas, o antigo Ginário Leão XIII do Professor Moacir Madeira Campos, por conta de uma grande amiga ir estudar em Natal, eu quase ponho minha mãe louca querendo ir também estuda na famosa Escola Doméstica.

Minha mãe para fazer minha vontade sofreu várias decepções porque não encontrava nenhuma família de alunas ou de ex -alunas que pudesse me indicar, até que ela descobriu como por milagre que uma amiga de infância tinha duas filhas estudando lá e ai finalmente consegui minha vaga.

Com muito sacrifício minha mãe fez todo meu enxoval e por falta de quem pudesse me levar foi pessoalmente me deixar lá. Foi super complicado, meu pai um comerciante em ascensão, mas cego dos dois olhos, precisava dela por perto. Porém vencendo toda espécie de dificuldade ela foi e tudo deu muito certo.

O incrível é que chegando na Escola na presença de D. Noilde percebi que a simpatia foi mútua entre nós duas e logo nos tornamos muito amigas e com uma admiração recíproca. Tanto que depois de apenas dois meses de interna na Escola, a qual na época tinha 120 alunas internas e mais de duas mil alunas externas, D. Noilde resolve me nomear presidente do Grêmio Lítero Musical Auta de Sousa, com um memorando na portaria que ainda tenho decorado cada palavra e faço questão de citar:

"A diretora da Escola Doméstica Noilde Pessoa Ramalho, observando as qualidades morais e espirituais da aluna Haydée Maria de Fátima Lima, resolveu nomear-la com presidente do Grêmio Litero Musical Auta de Sousa".

Não lembro precisamente a data, mas lembro perfeitamente a emoção que foi passar pela portaria e ver aquele memorando fixado ali com aqueles dizeres. Passei dias olhando aquele papel que para mim, parecia escrito em letras de ouro.

Dali para frente, eu e D. Noilde ficamos ainda mais próximas. Todas as solenidades do Exército, da Aeronáutica, da Marinha brasileira, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte ou de qualquer outro órgão que a escola era convidada eu acompanhava D. Noilde como representante do corpo discente da Escola. Teve oportunidades em que até viajar com ela para outros municípios e nos percursos de carro aprendi muito com seus conselhos e as muitas histórias e exemplos que gostava de contar.

Nos eventos oficiais do Governo do Estado, que naquela época quase todos tinham a Escola Doméstica como palco, ou ainda nas muitas festividades da própria Escola, sempre eu era a primeira a ser chamada para ajudar e eu não deixe passar nenhuma destas oportunidades para aprender e soube aproveitar bem esses ensinamentos. Acho que por isso hoje faço tão bem qualquer tipo de evento e fiquei afiada nas ambientações de interiores.

Nestas festas lá na escola, as internas é que recebiam os ilustres convidados e eu como presidente do Grêmio sempre estava a frente, assim a tive o privilégio de fazer sala e conversar como muitos ministro de Estado como Mário Andreazza, Jarbas Passarinho e muitas outras ilustres autoridades. D. Nolide sempre nos preparava bem para essas ocasião e nos fazia sentir como filhas da dona da casa, elegante e educada como ela.

Nas minhas aflições enquanto interna na escola, corria para sua sala ou seu quarto e ela me ouvia e me aconselhava. E sempre me deixava rezar na sua sala aos pés de Nossa Senhora Auxiliadora, uma bela imagem que ainda hoje adorna a diretoria da Escola

Tudo no meu tempo de internato foi um super aprendizado tendo no comando a D. Noilde, até mesmo nas atitudes que tomava, na sua postura e na humildade que ela tinha de também reconhecer quando errava.

Lembro de um fato interessante! Em 13 de maio de 1973, dia de Nossa Senhora de Fátima eu já bem a vontade na escola, aluna do último ano, cheia de intimidades com professoras e a própria D. Noilde, eu tive a idéia e tomei a liberdade de decorar uma gruta de Nossa senhora de Lourdes que havia na Escola, para que depois do jantar chamar as alunas internas para rezar o terço.

Fiz um belíssimo trabalho na gruta, usando folhagens de uma Samambaia rendada, chamada canelinha de viado. Planta essa que era os "quindim" da D. Noilde. Minha decoração ficou linda cobri o chão da gruta de folhas da tal samambaia e fiz belos arranjos de antúlios e mandei comprar fora da escola velas, para completar a beleza da festa que organizava para Nossa Senhora.

A noite quando nos dirigiámos para o refeitório cruzo com D. Noilde e ai eu lhe participo da minha idéia da festa que queria fazer para depois do jantar e ela me manda ir para o refeitório que ela ia  olhar a decoração da gruta. Qual não foi minha surpresa, ao ver que quando terminou o jantar daquela noite, ela tocou o sininho que tinha na sua mesa e fez reclamações zangada por eu ter cortados suas preciosas plantas. Depois do seu sermão levantei e disse que lamentava muito ter danificado as suas plantas e que e que nesses anos tinha dado minha vida pela escola e lamentava muito que a primeira vez que eu era reclamada em público tenha sido por fazer um agrado a Nossa Senhora. Depois mesmo chorando rezei e cantei com as internas e pedi no secreto do meu coração, a Nossa Senhora sua proteção e ajuda para suportar aquela humilhação que passei na frente das minhas companheiras de internato.

Pois sim! Passaram -se mais ou menos uns quinze dias ela, D. Noilde me chama na diretoria para me pedi desculpa, pois Sr. João um velhinho que era jardineiro da escola tinha a levando para ver os canteiros da tal samambaia, para mostrar-la que havia acontecido um milagre, alguém podou tão bem aquelas plantas que elas estavam maravilhosas, seus galos tocavam o chão com folhas viçosas e bem verdes. Dai, D.Noilde me pedia desculpa e dizia que via naquele fato, ou milagre de Nossa Senhora nesta poda. Fiquei encantada com a sua atitude em ter me chamado para se desculpar. Essa atitude de D. Noilde me fez admira-la ainda mais e nisso aprendi que qualquer um pode cometer injustiça, mas que o importante é ter humildade de reconhecer isso!

Teria milhares de fatos para contar, falar de muitos acontecimentos que vivia ao lado dessa grande educadora e sobretudo das muitas lições de vida recebida. Mas só uma palavra pode definir isso: D. Noilde Ramalho para mim foi uma Educadora- Mâe. Mãe generosa, presente, cuidadosa e determinada a fazer de suas filhas grandes Mulheres.

Aqui meus agradecimento e a minha homenagem a essa grande mulher. Que do Paraíso ela possa me dar força e determinação para como ela eu poder dedicar minha vida a ser eu também fiel aos meus sonhos, sem esquecer de estar sempre empenhada em bem educar meus filhos e netos, como ela me ensinou.

Haydée Ferreira









































Nota: Fotos quando da minha última visita  a Escola Doméstica de Natal, no Carnaval de 2006.












































Comentários

  1. Fiquei feliz de descobri que minha crônica sobre D. Noilde foi linda por esse Brasil afora e com isso reencontrei muitas amigas do tempo de interna na Escola. pena que elas não tem deixado comentários aqui. Mas me acharam no Facebook e no site. Depois meu site já está aprecendo em Noilde Ramalho no Google. Bom nè? Viva a proteção de D. Noilde!

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  2. Uma belíssima história e um verdadeiro testemunho da caridade de Nossa Senhora.
    De fato o melhor educador é aquele que também serve de exemplo para os seus alunos.
    Parabéns à duas pelo testemunho de vida!

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  3. Adorei o texto!!! É muito bom saber que uma pessoa como Dona Noilde existiu e contribuiu com a formação de tantas moças, de tantas gerações diferentes, passando adiante uma lição de humildade bem como ensinando e praticando os reais valores cristãos! Nosso mundo precisa de pessoas assim! Que a vida e obra de Dona Noilde seja exemplo para todos nós!

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  4. Não basta ter um bom mestres, é preciso também ser um bom aprendiz.
    A magnitude de um grande ato não se dá apenas por suas dimensões, mas também pelo raio de seu alcance.
    Mulheres como Noilde Ramalho influenciaram mulheres como Haydée Ferreira que influenciam mulheres mundo afora.
    É uma feliz constante.

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