Quaresma; Tempo de Convensão





Jesus carregando a Cruz - Tela do artista plástico espanhol El Greco

                         

Tempo de Quaresma é muito confundido com o Tempo de Páscoa, e achei oportuno fazer uma observação aqui sobre a importância desse tempo de quaresma. Esse, é um período de preparação que antecede a Páscoa na tradição cristã. Tradicionalmente, esse período se estende por 40 dias, iniciando-se na Quarta-Feira de Cinzas e se encerrando no Domingo de Ramos, ou seja, uma semana antes do Domingo de Páscoa. No entanto, desde o pontificado de Paulo VI, a Quaresma tem duração de 44 dias, pois só se encerra na Quinta-Feira Santa.

 

Por ser um período de preparação, a Quaresma é enxergada, sobretudo na tradição católica, como o momento propício para a realização de jejuns, caridades e bastante oração. O objetivo da realização dessas obras é parte de um esforço para que o fiel amplie sua devoção a Deus e se arrependa dos seus pecados."

 

Já o tempo de Páscoa, só se inicia após o “Domingo de Páscoa”,. Assim esse ano de 2024 a quaresma começa hoje  e a Páscoa só no dia 31 de março.

 

Como esse é um  tempo importante na vida da Igreja, um tempo de conversão, nada melhor do que eu deixar Chiara Lubich, beata da Igreja Católica, para nos ensinar de forma didática e amorosa o que seria esse tempo numa reflexão de uma Palavra de Vida do Movimento dos Focolares escrita por ela em Fevereiro de 2005

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           Reflexão de Chiara Lubich sobre a Quaresma: 

                                    ( Palavra de Vida ) 

 Quaresma a Igreja nos lembra que a nossa vida é um caminho rumo à Páscoa, ocasião em que Jesus, com a sua morte e ressurreição, nos introduz na verdadeira vida, preparando-nos para o encontro com Deus. Um caminho que não é isento de dificuldades e de provações, comparável a uma travessia do deserto.
Foi justamente no deserto que o povo de Israel, enquanto se encaminhava para a terra prometida, abandonou por um momento o seu Deus e adorou o bezerro de ouro.
Também Jesus esteve no deserto durante quarenta dias e Ele foi tentado por Satanás a adorar o sucesso e o poder; mas rompeu radicalmente com toda bajulação do mal e se orientou com decisão ao Único Bem:

“Adorarás o Senhor, teu Deus, e só a ele prestarás culto.”

O que aconteceu com o povo judeu e com Jesus acontece também conosco, no nosso dia a dia. Não faltam as tentações de nos desviarmos por caminhos mais fáceis: somos tentados a procurar a nossa alegria e a depositar a nossa segurança na eficiência, na beleza, no divertimento, na posse, no poder…, realidades que, em si, são positivas, mas que podem ser absolutização e que a sociedade muitas vezes propõe como verdadeiros ídolos.  
E quando não se reconhece e não se adora Deus, inevitavelmente aparecem outros “deuses”. Basta ver quantas pessoas recorrem ao culto da astrologia, da magia etc.
Jesus nos lembra que nós alcançamos a plenitude do nosso ser não buscando essas coisas que passam, mas nos colocando diante de Deus, do qual tudo provém, e reconhecendo-o por aquilo que Ele realmente é: o Criador, o Senhor da história, o nosso Tudo, Deus!
Se é verdade que o louvaremos sem cessar no Céu, para onde caminhamos, por que não podemos antecipar desde já o nosso louvor a Ele?
Quantas vezes também nós sentimos uma sede de permanecer em adoração, como quando o louvamos no fundo do nosso coração, no silêncio dos sacrários, onde é viva a sua presença, e na festiva assembleia eucarística!

“Adorarás o Senhor, teu Deus, e só a ele prestarás culto.”

Mas o que significa “adorar” a Deus? É uma atitude que só podemos ter para com Ele.
Adorar significa dizer a Deus: “Tu és tudo”, ou seja: “És aquele que é”; e eu tenho o privilégio imenso do dom da vida para reconhecer isto.
Adorar significa também acrescentar “eu sou nada”, dizendo isso não só com as palavras: pois, para adorar a Deus, precisamos anular a nós mesmos e fazer com que Ele triunfe em nós e no mundo. Isso implica uma constante demolição dos falsos ídolos que somos tentados a construir na nossa vida.
No entanto, a atitude mais segura para chegar à proclamação existencial do nada que somos e do tudo que é Deus é inteiramente positiva: para anular os nossos pensamentos, basta pensar em Deus e ter os seus pensamentos, que nos são revelados pelo Evangelho; para anular a nossa vontade, basta cumprir a sua vontade que nos é indicada no momento presente; para anular os nossos afetos desordenados, basta ter no coração o amor para com Ele e amar os nossos próximos, compartilhando seus anseios, sofrimentos, problemas, alegrias.
Se formos sempre “amor”, seremos, sem perceber, “nada” para nós mesmos. E quando vivemos o nosso nada, afirmamos com a nossa vida a superioridade de Deus, o fato de Ele ser tudo, abrindo-nos assim à verdadeira adoração de Deus.

“Adorarás o Senhor, teu Deus, e só a ele prestarás culto.”

Muitos anos atrás, quando descobrimos que adorar Deus significava proclamar o tudo Dele sobre o nosso nada, compusemos uma canção que dizia: “Se lá no céu se apagam as estrelas, / Se cada dia morre, / Se no mar a onda se perde e não retorna / É pra tua glória. / A natureza canta a ti: / Tudo és! / E cada coisa diz a si: / Nada sou!”.
Anulando-nos por amor encontrávamos como resultado o nosso nada preenchido pelo Tudo, Deus, que entrava no nosso coração”

 

Chiara Lubich

https://www.focolare.org/pt/ 

Palavra de Vida de Fevereiro de 2005

 

 

 

 


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